Nossa guerreira de hoje é a Ana Paula Correa de 43 anos moradora de Minas Gerais.
Quais foram os primeiros sintomas?
Há uns dez anos antes do diagnóstico e da crise, comecei sentindo uma fincadas do lado esquerdo da cabeça, zumbido no ouvido direito, que era bem similar ao som das batidas do coração e tontura . Além disso, sentia também uma enorme sensibilidade ao sair ao sol, principalmente pela manhã. Lembro-me que eu levava minhas filhas para o colégio e no meio do caminho eu tinha que parar o carro do tanto que meus olhos ardiam e lacrimejavam. Sentia também uma dor no ombro esquerdo, que se irradiava para o ombro e pescoço. Fui diagnosticada com tendinite,mas só melhorei após o controle da pressão intracraniana. Outro sintoma que eu tinha bem antes de descobri a HII era acordar com uma terrível dor de ouvido, também do lado direito. Por sorte, ela passava rapidinho, senão eu não aguentaria.
O que fez você procurar um médico?
Demorei alguns dias para procurar o médico, pois meus sintomas eram idênticos ao de uma sinusite (sensação de entupimento nos seios da face, uma ligeira dorzinha atrás dos olhos, dor de ouvido). Aí, me auto mediquei com antibióticos por oito dias. Não fez nenhum efeito... Pelo contrário, comecei a piorar. Minha visão começou a ficar estranha... Eu tinha uns apagões e sentia como se o meu nervo do olho estivesse repuxando. Procurei um otorrino e ele disse para eu continuar a tomar os medicamentos que eu havia me receitado, mas me pediu um raio x. Ainda demorei uns dois dias para fazer o exame e quando fiz, já não estava enxergando quase nada... Os tais apagões estavam mais constantes. Aí , ainda na certeza de uma sinusite e com o raio x na mão, fui no pronto atendimento. O médico me examinou e disse que não tinha nada de sinusite e me mandou embora pra casa. Claro, não fui! Sabia que algo não estava normal.. Foi aí que resolvi ir a um pronto atendimento oftalmológico. Para minha surpresa, o médico disse que eu estava com papiledema bilateral. Perguntei o que poderia me acontecer e ele disse que eu poderia ficar cega a qualquer momento. Perguntei o que poderia ser, se tinha tratamento e ele me assustou mais ainda dizendo que o caso era mais serio e que ele nada tinha a fazer, pois o meu problema estava no cérebro e que poderia ser um tumor. Na mesma hora, ele me encaminhou para o neurologista plantão do hospital da minha cidade e, graças a Deus, fui muito bem atendida e diagnosticada rapidamente pelo Dr, Rodrigo Santiago, após punção lombar, com Hipertensão intracraniana idiopática. A pressão normal do cérebro varia de 5 a 20. A minha estava 67. Aí ele retirou 40 ml de líquor e, na mesma hora, voltei a enxergar.Graças a Deus NUNCA tive uma dor de cabeça
Há quanto tempo você descobriu a doença?
Descobri a doença em setembro de 2008.
Qual foi sua reação ao descobrir o Pseudotumor Cerebral?
Fiquei desesperada e entrei em pânico com muito medo de perder a visão e sem saber o que me esperava pela frente.
Demoraram a te diagnosticar com HII?
Não. O diagnóstico foi rapidinho. No mesmo dia fui numa clinica de otorrino, no pronto atendimento oftalmológico e depois no hospital. Lá fizeram uma ressonância para descartar qualquer tumor e depois a punção.Eu que demorei a procurar ajuda pq tinha certeza que estava com sinusite!!!
Como foi sua punção lombar? Quantas você fez?
Eu estava com muito medo desse exame, mas foi super tranquilo. O médico aplicou um anestésico, apalpou bem a região que iria introduzir a agulha e não teve nenhum contratempo. O meu medo de ficar cega era tanto, que nem senti a dor e não sei se doeu. Senti dor no local após a punção, mas só tive que fazê-la uma única vez.
Quais sintomas foram percebidos a longo prazo?
Comecei a sentir dores nas pernas, tipo uma dor cansada; inchaço na perna direita; muita dor para subir escada; problemas na memória e de percepção espacial. Além disso, após a descoberta da doença,me sinto outra pessoa, muito mais medrosa que antes e com uma ansiedade excessiva.
Você está acima do peso?
Estou 20 kg acima do peso
Qual está sendo seu tratamento?
Inicialmente tomava 3 diamox 250 mg 3 x ao dia e lasix. Atualmente tomo 2 diamox ao dia e Natrilix SR.
Você teve alguma reação ao remédio?
Para mim esse remédio foi a minha salvação... No início eu tinha muito formigamento nos pés, mas hoje em dia, raramente tenho esse sintoma. Não sei se as dores nas pernas e para subir escada são efeitos colaterais dele.
Qual o principal sintoma que te incomoda na HII?
Muita pressão na face, na nuca e também os sintomas referentes à cognição( memória) principalmente no período pré menstrual e ovulatório.
O que mudou na sua vida depois que descobriu a doença?
Nossa... Muita coisa mudou! Sempre temo o amanhã, pois não sabemos ao certo, os problemas que essa doença pode trazer ao longo dos anos. Além disso, não posso rir muito, falar muito, cantar muito ( coisas que eu sempre gostei de fazer).
Quais os exames que você faz regularmente?
Faço exames periódicos de campo visual, retinografia, ressonância magnética e angiorressonância. Na última que fiz, o neurologista, visualizou uma estenose nos seios transversos e queria que eu colocasse um stent, mas, como estou relativamente bem e adaptada à doença, preferi esperar. Se Deus quiser, não vou precisar!
Você ficou com alguma sequela? Quais?
Até o papiledema regredir, meu campo visual ficou temporariamente prejudicado, mas tudo voltou ao normal e não tive nenhuma sequela visual. Apenas sequela emocional, pois não é muito fácil conviver com uma doença que apresenta melhoras e pioras. Mas, como eu disse, o melhor é ter fé e acreditar que Deus está agindo a seu favor.
O que você espera do futuro em relação a essa doença?
Espero, sinceramente, que as industrias farmacêuticas tenham interesse em descobrir as causas e a cura dessa doença que tem causado tantos transtornos a inúmeras pessoas. O número de casos está aumentando drasticamente e não sabemos como evitá-la. Espero também que os médicos acreditem nos sintomas das pacientes e não atribuam tudo a problemas emocionais. A falta de tratamento e a falta de opção sim podem causar danos emocionais nos doentes e nas famílias deles.
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Por mais obscuro que possa parecer, lembre-se que sempre tem uma luz no final do túnel. O segredo é confiar sempre, acreditar que você será um caso bem esclarecido e jamais perder a fé em Deus, pois nada acontece por acaso.
E essa foi mais uma das entrevista, obrigada pela participação Ana Paula!
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